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O apartamento novo

Nem contei que ficou lindo, né? Ficou pronto em agosto, mas taaanta coisa acoteceu nessa vida. A Fefa passou uma fase negra,  mal pacas,  a ponto de eu sair do pediatra que amava por achar que ele comeu uma bola ferrada, ai rla foi operada, mas tb não melhorou muito, no fim das contas eu descobri um pediatra aqui pertinho que é o máximo, ai a Fefê começou a fazer um tratamento chamado imunoterapia e eu vou te dizer, viu? Melhor coisa do mundo!! Impressionante como a vida dela mudou. Nunca mais teve coisas terríveis, crises de asma,  antibióticos, nada!!

No meio disso tudo eu perdi o emprego. Fiquei chocada com isso, mas estou amannnndo a vida de madama. Fico muito mais com aEs meninas, faço ginástica (sim, mudamos, né?) tenho tempo de cuidar d  melhor das coisas da casa e das meninas.. Eu estou muuito mais feliz, meu casamento está mil vezes melhor e as meninas estão mais felizes. É óbvio que sempre tme as pseudo-feminisdtas de plantão que olham torto e  dizem (e as mais íntimas dizem mesmo) que como eu, uma pessoa com uma formação específica, experiência num assunto que dá muito dinheiro, abre mão de tudo para…..depender do marido.

Mas, né? Estou muito mais feliz, muuuito. E como disse antes, aprendi a me libertar da necessidade de aprovação alheia.

F

9óbvi que eu me preocupo com o futuro, sei tanto que conto de fadas não existe quanto sei que nunca mais na vida quero trabalhar com direito. Agora o que me falta é me reinventar profissionalmente.

Mas o que eu queria contar mesmo é que consegui descobrir de onde vem o vazamento do lavabo e isso me deixou tããão feliz!!!

O não amor

Eu fiz anos de terapia e acho que a parte mais dura de todas foi a de admitir e aceitar que eu não precisava – no sentido de obrigação mesmo – amar ninguém, nem pai, nem mãe, nem filho. Mas esse sentimento, depois de aceito, foi libertador, inclusive para amar.

E eu nunca na minha vida pensei que fosse lidar com coisa mais dolorida do que isso, mas, né?? Quem manda mesmo na porra da nossa vida não é a gente. E aí eu me vi obrigada a ter que aceitar o não amor. Pq se eu posso não amar, por que os outros teriam – falo de novo em obrigação – de me amar? E se lá doeu, aqui foi física a dor, visceral, foi horrível. Mas não dura para sempre. E o mais libertador depois de aceitar que não te amam e ponto,   é vc simplesmente não precisar de aprovação. Simples assim. Não preciso.

Agora sim, meu nome é Ana, tenho 36 anos.

Pois é…
Vai começar tudo de novo. Marideo e eu compramos um novo apartamento, dessa vez na planta, e ele será entregue em fevereiro. Ai começa tudo..piso, armário, reforma, pedreiro, pintor, vida louca, raiva e finalmente morar no apartamento dos nossos sonhos.
Enquanto isso a vida segue bagunçada. Nós vendemos o nosso apartamento e devemos entregar por agora. O plano A era alugar o nosso próprio apartamento do cara que comprou, mas ai qdo meu pai morreu veio a idéia da gente ir pra casa da minha mãe e ficar por lá, depois minha irmã foi pra casa da minha mãe e a gente ia pra casa da minha irmã e bláblábláblá e mais blábláblá e esse final de semana eu resolvi que vou alugar um apartamento pra fugir de blábláblá que eu quero mesmo é paz de criança dormindo.
Achei um apartamento bonitinho no mesmo bairro que compramos. Ele é pequeno, está com mobília (pq vendemos a geladeira e o fogão para o cara que comprou meu apartamento pq a gente ia pro da minha irmã que tem tudo, modos que dancei).
O arquiteto estima o tempo da reforma em 6 meses porque vamos quebrar duas paredes.
Vamos que vamos, né??
Não dá pra ficar voltando atrás e pensando demais nas coisas. A vida é como ela é, as pessoas são como são. Infelizmente. Ou não…

A bunda

Então você fica nove meses grávida, pare, amamenta, fica noites sem dormir, dá comidinha na boca, cuida da febre, noites sem dormir, ouve horas de choro, ensina a andar, ensina a falar, paga escola, natação, leva, pega, leva novamente, fica quando ela pede, cuida da febre, cuida da gripe, dá todo amor do mundo para um dia, depois de quatro anos, ouvir:

“- Mamãe, sua calcinha está muito pequena para a sua bunda.”

Podem acreditar: Eu entrei na ginástica e estou gostando. Na verdade isso tem muito a ver com o clima da academia que escolhi, que é um lugar muito mais voltado ao bem estar do que ao corpo sarado. As pessoas lá se falam, os professores realmente prestam atenção nos alunos, dentre outras mil coisas diferentes.
Eu tinha até perdido oito quilos, mas ganhei quatro novamente. Paciência.
A questão agora é voltar para a ginástica, que, inclusive, tenho sentido falta.

Sigamos

Meu pai morreu agora, no dia 20. As coisas não andam fáceis. A morte dele foi totalmente inesperada pra gente, muito embora ele tivesse cardiopatia grave há um bom tempo. É estranho falar sobre isso, seja porque eu nunca achei que alguém da minha família fosse morrer (sei que isso é ridículo, mas é verdade), seja porque eu sempre via a morte das pessoas da família dos outros como algo menos doido. Mas não é. E inclusive peço desculpas por esse engano.
Ai, esse ano, meu avô materno morreu um pouco depois de a minha mãe precisar fazer uma cirurgia. Logo após o meu pai morreu. Foi uma porrada atrás da outra.
Acho que o pior com o meu pai é que as coisas sempre foram meio nebulosas, sabe? Sempre, sempre. Durante muito tempo eu tive uma relação péssima com ele. As coisas melhoraram bem quando eu cresci, mas ainda eram muito ambíguas.
E ele morreu.
Eu fiquei.
É muito estranho falar sobre isso. Eu ainda não consigo, talvez porque não consiga definir exatamente os meus sentimentos, as minhas culpas, as minhas mazelas, nada disso ao certo, nem sei se algum dia vou conseguir definir.
Está muito difícil concretizar esse luto. As vezes eu falo mais sobre isso e consequentemente choro. Mas a minha vontade de falar é zero. Mesmo na terapia, ou com a minha mãe ou com minhas irmãs. As vezes falo algo com umas amigas queridas, mas em regra não tenho vontade. E essa falta de vontade é absolutamente estranha pra mim, porque falo até sobre o impacto sentimental da formiga que me picou. Mas sobre isso está difícil.

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?

Carlos Drummond de Andrade

Ainda não voltei…

Eu ando meio cansada de gente que encara filho como karma, que acha tudo um saco, que vive deitada, que vive com sono, que vive cansada. De gente que só pensa em si, que “quer ter o seu momento” em todos os momentos do dia. Que quer ser ditadora, que quer tudo do jeito e à hora. Que não se prontifica pra nada, que tudo é uma novela, que não me deixa ver novela.
De gente que só põe os outros pra baixo, a final o centro do mundo é o seu umbigo. Que não consegue ver o outro, que não consegue notar o quanto o outro já está pra lá de Bagdá. E que ao mesmo tempo parece notar tudo, mas não tomar atitude pra mudar as coisas porque não lhe apetece, ou então que muda, mas só enquanto o outro se acalma.
Eu ando meio cansada de gente que tem piti, que grita no telefone comigo, que grita pros outros não gritarem, que quer silêncio o tempo todo, que quer sofá o tempo todo, que não tem paciência com as pessoas que diz amar, que não tem saco pra nada, que só tem saco quando lhe apetece. De gente que não respeita as idiossincrasias alheias, mas que quer que as suas sejam respeitadas.
De gente que só quer se impor, que quer que eu faça tudo como quer que eu faça, que não quer que eu pense, que não quer que eu seja eu, mas sim quem ela quer que eu seja.
De gente que não nota que a vida não é do jeito que ela quer porque é a vida, porque não tem roteiro. Que quer impor tudo ao seu tempo e à sua hora.
De gente que não participa da vida, que não ri, que não chora, que não se expõe, que prefere tudo ameno.
Hoje eu já chorei muito. Fui ao inferno, mas pretendo voltar viva de lá.

TPM

Ontem eu não xinguei.
Ontem eu não bati.
Ontem eu não matei.
Ontem eu não chorei.

Só por hoje eu não vou xingar.
Só por hoje eu não vou bater.
Só por hoje eu não vou matar.
Só por hoje eu não vou chorar.

Mais sobre os monstros

Não é segredo pra ninguém que depois que a Fernanda nasceu eu tive uma belíssima depressão pós-parto. Mesmo sendo extremamente desorganizada comigo mesma, eu gosto de organização, de saber o que vem depois. E se tem uma coisa que não existe com bebê pequeno é isso de saber o que vem depois.
Então foram meses de verdadeiro horror, de eu imaginar o que tinha feito com a minha vida, que estava tão certinha. Me desesperei, chorei, fiquei mal, perdi o sono, tive diarréia, tremedeira, taque cárdia e o diabo a quatro, tudo decorrente de crises de ansiedade. Cheguei mesmo a pensar que a maior besteira do mundo foi ter tido o segundo filho e que minha vida jamais seria normal novamente, tudo isso como se eu já não tivesse vivido uma fase de puerpério.
Parei de conseguir dormir. Fiquei quatro dias praticamente acesa. Deitava na cama e ficava rezando (???) pra Fernanda não chorar. E quando ela chorava eu ficava histérica, como se o fato dela chorar ou não fosse o que estivesse me causando tudo isso.
Foi uma fase muito dura pra mim.
Foi duro ouvir dos médicos (e não foi apenas um) que a minha filha chorava tanto porque eu estava excessivamente nervosa e ansiosa.
Na época eu não acreditava, mandava a merda em alto e bom som. Consegui que um dos quinhentos e cinqüenta médicos passasse Label pra Fernanda porque, pra mim, ela tinha refluxo interno oculto (nome bem bonito).
Uma bela noite, nessas de esperar ela chorar, eu comecei a pensar que eu tinha que colocar tudo no seu devido lugar e dar aos donos a responsabilidade por cada uma das coisas que estavam acontecendo.
Em primeiro lugar eu assumi que não dormia por conta das minhas neuroses, e não por algo que a Fernanda fazia. Logo depois eu assumi que a minha vida estava uma bela porcaria antes da Fernanda nascer e que eu estava sendo muito injusta em jogar isso tudo no colo de uma pessoa que não tinha nem 4 quilos ainda. Ai eu resolvi enfrentar os meus fantasmas, os meus monstros todos.
Naquela noite eu explodi. Tive crises horríveis de vômito, de choro, de tudo. Consegui falar com o meu ginecologista e ele me indicou um psiquiatra. Ele entrou com um antidepressivo, eu tive que começar a terapia no mesmo dia.
Foram dias terríveis. Como é difícil a gente se encontrar com a gente mesmo.
Impressionantemente o choro da Fernanda diminuiu assustadoramente. Não sei se teve ou não alguma relação com o Label, mas ela passou a ser uma menininha muito mais sossegada.
Eu tive que enfrentar monstros e demônios da minha cabeça. Enfim, tive que me enfrentar. Foram meses e meses de antidepressivo, de melhoras e pioras, de terapia constante e então, depois desse tempo, eu pari uma nova Ana.
Ainda estou tateando pra saber quem eu mesma sou. Tenho me permitido muito mais, sabido e exercido a vida além da maternidade e descoberto pequenos prazeres antes inimagináveis. Com isso me tornei uma mãe melhor. A Duda demonstra isso claramente, até porque ela conheceu a Ana anterior e a Ana atual.
E a Fernanda? Hoje eu a vejo e penso em como fui boba de imaginar que a minha vida podia ser boa sem ela.